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Foto do escritorAndre Ribeiro

O guqin

Atualizado: 29 de abr. de 2020



Guqin (古琴). Sabe-se que essa cítara existe desde a dinastia Shang (aprox 16 séculos antes de Cristo). E bastou Confúcio tocá-lo, e dizer umas poucas palavras a seu respeito, para que fosse imortalizada. Desde então é parte da história da China. Em 2003 foi declarado patrimônio intangível da humanidade pela Unesco, sendo que uma de suas peças musicais “águas correntes” foi o único exemplar da música chinesa a embarcar na sonda Voyager em 1977, gravada no famoso Golden Disk — uma espécie de cápsula do tempo intergaláctica com imagens e sons da vida na Terra. Tudo isso já o torna algo inestimável. O Guqin, ao longo de sua longa história, tem sido o instrumento musical mais valorizado pelos eruditos da China. Eles o categorizaram como uma de suas “quatro artes” (四藝 Sì yì), o colecionaram como um objeto de arte, elogiaram a beleza de sua música e construíram em torno dele uma ideologia complexa. Nenhum outro instrumento foi descrito e ilustrado com tanto detalhe, tantas vezes retratado em pinturas, ou tão regularmente mencionado na poesia.


Confúcio amava essa cítara e transmitiu esse apreço a todos os seus alunos, elevando a prática musical do Guqin a um patamar filosófico inestimável dentro da cultura chinesa. A tradição inaugurada por Confúcio valorizava a música como a chave de ouro para completar a educação das pessoas. Em seus diálogos com os discípulos ele diz: “Erguer-se com os poemas, firmar-se com os ritos, completar-se com a música.” (Analectos cap.8:8).


Assim, o Guqin tornou-se parte da formação humana. E as gerações posteriores a Confúcio chegaram até mesmo a acreditar que a cítara possuía poderes extraordinários, e quem a estudasse seriamente seria capaz de transformar a realidade a volta, assim como controlar todos os fenômenos da natureza. De lá pra cá o Guqin está sempre presente na cultura chinesa como um elo musical mais forte entre presente e passado.


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