Yu Boya é o personagem da antiguidade que melho
r ilustra a ideologia do Guqin. Embora hajam poucas referências históricas, sabe-se que ele viveu durante o período da « Primavera e Outono» (777-476 ac.) — época de Confúcio. De sua biografia ficou a imagem de um jovem músico talentoso e insatisfeito com sua própria arte, pois mesmo após anos de estudo sentia que ainda lhe faltava algo.
Na tentativa de aplacar a angústia de Yu Boya seu professor o levou a Ilha Penglai, a famosa morada dos imortais. Uma vez lá ele pediu que aguardasse enquanto buscava o seu novo mestre, desaparecendo a seguir na floresta. Passaram-se dias e seu professor nunca retornava. Desanimado, Yu Boya sentou-se numa pedra à beira do rio para contemplar a natureza a sua volta — as águas correntes, a revoada das gaivotas, a floresta silenciosa, tudo parecia compor uma paisagem sonora mágica. Fechado em si mesmo, foi-se abrindo à contemplação da natureza, e sem mais pesares começou a improvisar com o sons que lhe chegavam — o vento, as águas, os sons da montanha. Seu coração preencheu-se de afetos e emoções profundas. Foi quando ouviu uma voz em meio à floresta dizer: — Como é grande a montanha! Tão grande quanto o Monte Tai! Sem saber se ouvia a si mesmo, Yu Boya seguiu tocando, e a voz ressoou novamente — Como é vasto o rio. Tão vasto e poderoso como o oceano!
Erguendo os olhos interrompeu sua música para surpreender-se com a silhueta de um homem saindo da floresta. Era Zhong Ziqi. Diz a lenda que Yu Boya ficou profundamente emocionando por encontrar alguém que compreendia a sua música, sentindo-se tão completo, que levantou-se e abraçou aquele estranho — Meu amigo! Meu verdadeiro amigo! Somos um só coração! Conta-se ainda que quando Zhong Ziqi morreu Yu Boya despedaçou o seu Guqin numa pedra e jurou nunca mais voltar a tocar novamente.
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